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COMO SE FORA UM CONTO, é o título de pequenos contos que ao longo do tempo fui escrevendo.
Na sua maioria foram já publicados em jornais e em blogues.
Alguns são inéditos.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A SENHORA MARGARIDA - I'VE GOT DREAMS TO REMEMBER -

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COMO SE FORA UM CONTO
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Hoje é Domingo. Faltam muito poucos dias para a noite de consoada deste ano.
Estou em minha casa, em sossego, ouvindo música, olhando distraído a televisão que, sem som, debita, num qualquer noticiário, imagens de desgraças, umas atrás das outras.

O meu pensamento voga, ora entre os sons mágicos de Tchaikovsky ora pelas imagens que a caixa mostra, ora ainda pelos acontecimentos últimos. Nestes, pára constantemente. Aos poucos tudo desaparece e a época natalícia vai-se aproximando e envolvendo o meu pensamento. Lembro-me da tradição que, mesmo os que se dizem não ligados à religião católica, todos vão mantendo.

Uma das tradições que vou teimando em manter, é o jantar do dia vinte e quatro de Dezembro, a Ceia de Natal. Por tradição, juntamos a família nessa noite, e na casa de seja quem for designado para o fazer, comemos o bacalhau cozido, acompanhado com batatas, couves e polvo e regado com o melhor azeite que for possível comprar. O vinho, costuma ser o maduro tinto, do Douro claro, ou então Verde, também tinto, de Ponte de Lima.

domingo, 19 de dezembro de 2010

MAIS UM DRAMA, ESTÁ FRIO

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Brrrrr … Que frio!

Mais um drama se abateu sobre os cidadãos portugueses. Já não bastava a recessão que teima em não acabar, veio agora o frio.

Nestes dias, a temperatura desceu muito. Os termómetros marcam valores abaixo de zero em muitos locais do país, e parece que vai continuar assim mais algum tempo. Imagine-se que até no Algarve faz frio, em Dezembro, a meio do mês, quase com o Inverno a entrar-nos pelas portas dentro.

O que parece ser um facto é que Portugal tirita de frio.

As rádios e as televisões desdobram-se em reportagens e entrevistas com os habitantes de Bragança, de Chaves, da Guarda ou da Covilhã, e até de Faro. Vão à procura de saber como se sobrevive a tamanha calamidade. Em todo o lado as respostas são as mesmas. Não há grandes variações. – olhe menina (normalmente são meninas que fazem estas reportagens), pomos mais uma camisola ou um cachecol, acendemos a lareira ou ligamos um aquecedor, andamos mais depressa quando estamos na rua, e já está. De manhã vamos à janela e se está mais fresquito, agasalhámo-nos melhorzinho. A vida é assim, sabe?!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A MERCEARIA DO SENHOR JANEIRA

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COMO SE FORA UM CONTO
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Dia a dia dou por mim a beber a minha cidade, sem sofreguidão, saboreando cada momento, cada pessoa, cada rua, cada viela, avenida ou alameda.
Aprecio o sol coado pela suave bruma, engulo com satisfação os ditos, os palavrões, a calma do senhor que está sentado num banco de jardim a ler o jornal, ou a senhora atarefada que com o saco meio cheio vem da mercearia.
Com muito vagar, sinto o tempo a passar pelo meu corpo, andando para trás, e revejo a vida da minha rua na altura em que eu era pouco mais que adolescente e olhava tudo e todos, julgando que os não via.
Na minha rua havia de tudo, gente de todas as classes sociais e lojas e fábricas e tudo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A EPOPEIA DAS FRANCESINHAS NAS INVASÕES FRANCESAS

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COMO SE FORA UM CONTO
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I
Vivia-se no ano da graça de 1809 e o mês de Junho.
Soult, General e mais tarde Marechal, regressava a casa triste, acabrunhado e abalado com a derrota. A bem da verdade não tinham sido os Portugueses a vencê-lo, tinham sido os Ingleses, mas isso era ainda uma desonra maior. Perdera fama, prestígio e muita gente nesta campanha. E só fora ‘dono’ da cidade pouco mais de dois meses. E, diga-se, de uma cidade destroçada pela recente tragédia da Ponte das Barcas, de que só ele tinha sido o responsável. Tinha sido muito pouco tempo para que a cidade lhe tivesse perdoado ou pelo menos passado a ignorar a sua responsabilidade de invasor. Só tinha podido andar pela cidade nas alturas em que estivesse escoltado pelos seus mais próximos guardas pessoais.
Era de noite e o General tinha fome.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

VÍGAROS QUE MERECIAM SER PRESOS

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COMO SE FORA UM CONTO
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Quem nos disse que já sabia o que nos ia acontecer? Todos e mais os outros!
Há muitos meses, anos até, que se ouve nas ruas, nas mesas de café, com vozes baixas e medrosas mas também em frases inflamadas e ditas bem alto, a revolta surda das gentes anónimas. E no entanto… !
Em nenhum momento o povo Português teve qualquer tipo de dúvida (excepto os mandantes deste pobre País e também os que querem vir a sê-lo, mas esses não pertencem ao povo) de que a Justiça em Portugal não funciona nem funcionará tão cedo, de que ninguém irá para a cadeia no famoso caso Casa Pia, da mesma forma que as dúvidas não existem sobre o mesmo desfecho em qualquer dos grandes casos de Justiça que ainda hoje correm nas barras dos tribunais.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ROSA DE PORCELANA PINTADA

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COMO SE FORA UM CONTO
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No princípio do século vinte os hotéis e pensões tinham quartos para alugar que não possuíam quarto de banho. Este situava-se normalmente ao fundo do corredor e servia todos os quartos desse andar. Havia até pensões que tinham um só quarto de banho para os diversos andares dos quartos.
Na minha família havia um Padre. Quase todas as famílias tinham pelo menos um. Este, pelos anos vinte do século, era já entrado na idade. Teria bem mais de sessenta anos.
O Tio Padre, fazia palestras e orava em muitos locais para onde era convidado. Um dia teve de se deslocar a Chaves, em pleno Inverno, para falar, a convite de uma qualquer organização. Foi de Paços de Ferreira, onde residia, para Chaves, de charrete, como era hábito naquelas alturas.
Chegou a Chaves já o dia tinha acabado

terça-feira, 24 de agosto de 2010

AS FÉRIAS GRANDES

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COMO SE FORA UM CONTO
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No tempo da minha juventude, já lá vão muitos anos, e da de quase todos os que têm mais de trinta anos (os meus filhos mais velhos já têm), as férias grandes eram mesmo grandes. Tão grandes que, por vezes, nos víamos a pensar que nunca mais chegavam as aulas. Eram três meses inteirinhos, compridos, muito compridos, feitos de noventa dias a fazer pouco ou nada. Nessa altura, tínhamos, eu e os meus muitos primos e a maior parte dos meus amigos, a praia, desde as nove da manhã até mesmo ao final da tarde, uma estadia de uma ou duas semanas em casa de familiares no campo, e outras tantas em casa de outros familiares, na montanha. Mais tarde, na juventude dos meus filhos, as semanas na montanha tinham já acabado, com o desaparecimento dos familiares que por lá viviam.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PARA ESTES NÃO HÁ FUNERAIS DE ESTADO

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COMO SE FORA UM CONTO
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Conheci-a num Centro Comercial. Vendeu-me alguns artigos de que eu necessitava e alguns outros que eu não sabia que queria. A sua simpatia era contagiante e o seu sorriso alegrava a alma.

A conversa, essa, veio naturalmente, e ficamos como que amigos. Fiquei a saber que o trabalho era bom e gratificante, que gostava do que fazia e que fazia o que gostava. Só tinha vinte anos mas já trabalhava há perto de quatro. Por incapacidade económica não tinha estudado mais que até ao fim do ensino obrigatório. Talvez que um dia continuasse. Por agora, sentia-se bem assim. Estava a subir na carreira de empregada de balcão, e até já mandava em parte da sua secção. Para além disso, tinha outros interesses que lhe tomavam todo o tempo disponível.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O SENHOR ADÉRITO, ENGRAXADOR

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COMO SE FORA UM CONTO
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Já lá vão muitos anos, mas as lembranças fluíam com rapidez.
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Sentado à mesa de um café da baixa Portuense, olhei os meus sapatos e pensei em quanto me saberia bem que aquele café tivesse um engraxador. Apeteceu-me ter os sapatos limpos, escovados e a brilhar.
Se ao menos ainda houvesse engraxadores! Já há muito que os não via. Os últimos estavam naquela entrada de um prédio da rua Sampaio Bruno, quase em frente à Casa da Sorte. Havia também um ou dois, que paravam na Praça da Liberdade, quase na esquina da rua da 'engraxadoria'.
Antigamente, não havia café que não tivesse um, e havia trabalho para todos. Todo o homem que se prezasse gostava de ter os sapatos a brilhar. Hoje são raros, os engraxadores, já que sapatos a brilhar ainda os vai havendo, e homens que se prezem ainda há um ou outro.
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O sr Adérito era franzino,

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

AS DORES DA MINHA TRISTEZA E A DONA ANA DA CASA GRANDE

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COMO SE FORA UM CONTO
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Se estiver triste ou alegre ou se se sentir assim-assim, ou ainda se estiver mais sensível do que de costume, não leia. Esta é uma história penosa.
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É quase noite e é forte, a dor da tristeza. É sempre assim, não importando a razão porque se está triste. Desta vez em nada é diferente. Estou triste, e o tempo que tudo cura demora a passar.
É chato o estar triste. E ainda por cima as pessoas olham-nos de través e se tiverem oportunidade, fogem de nós. Para tristeza, basta-lhes a que carregam, não precisam de se aborrecer com a dos outros. Até eu me olho de través, e nessas alturas, se pudesse, ia-me embora de mim, e não voltava.
«Lembro-me que nos meus tempos de miúdo, perto da casa de meu avô, vivia uma senhora que estava sempre triste. Era uma mulher muito rica que vivia sozinha num enorme casarão, sem marido, sem filhos, sem qualquer familiar. Chamavam-lhe dona Ana da casa grande. À sua passagem, falava-se baixinho, comentando o que ninguém sabia. Amores antigos e impossíveis, diziam uns, enquanto outros se inclinavam para as hipóteses de assassinatos múltiplos, perpetrados pelo senhor da casa grande, pai da dona Ana, sobre um seu irmão que teria seduzido a pequena e sobre a mulher que teria ajudado a que tal se concretizasse, e que, cheio de remorsos, acabaria por se matar com um tiro de caçadeira de canos sobrepostos.
Por certo tudo invenções da populaça,

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A SRA D. ANÉSIA, O SR DR ANTUNES E O PRIMEIRO DE ABRIL

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COMO SE FORA UM CONTO
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Convivi com eles muitos anos, perto de vinte, para mais que não para menos. Viviam no primeiro andar do meu prédio. Foi para esse andar que, nos idos de 78, eu fui viver, separando-me da casa de meus pais.
Ela, muito católica, oriunda do norte Valenciano, de lábios finos e nariz adunco, ele, economista, ex-funcionário da alfândega, coleccionador de selos. Ambos de uma bondade extrema, de uma educação esmeradíssima, de idade avançada, silenciosos, reformados, amigos.
Sem filhos, mas com uma sobrinha que a cada passo aparecia e que era a luz dos olhos deles, não lhes conheci amigos ou outros familiares. Viviam sós, um para o outro, a maior parte do tempo na sala virada ao sol, de onde viam o arvoredo do Consulado e o quintal que numa parte também lhes pertencia.
Davam-se muito bem connosco, em especial

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A MINHA VIAGEM A PRAGA

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COMO SE FORA UM CONTO
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Já há muito tempo que desejava ir à República Checa. Minha mulher, sabendo desse desejo, marcou uma viagem num semana de férias. Era agora. Estava a chegar o dia.
Com entusiasmo, procurei nas casas de câmbios e nos principais bancos, coroas para trocar por euros.  Não havia, nada, nenhuma. Mas informaram-me que, logo no aeroporto de Ruzyne, e também por todo a cidade, encontraria locais para esse câmbio. Fiquei descansado. Afinal, iria para uma cidade, para um país, pertencente à Comunidade Europeia.
Desde o fim da década de oitenta do século passado que se pode, com facilidade, visitar esta cidade, durante tanto tempo escondida pelo regime comunista.
Iria conhecer o

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A MADRINHA NOÉMIA E O PADRINHO CARECA

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É domingo, princípio da tarde. Está calor. A rua está quase vazia. Alguns metros à minha frente, um casal passeia vagarosamente. No outro passeio, duas mulheres conversam calmamente. Dois carros passam por mim, lentamente. Ao domingo ninguém tem pressa. Excepto eu que vou com um andar ligeiro. Melhor, vou apressado. O passo estugado, marcial. Tenho de ir visitar uma pessoa que se encontra adoentada, o que faço quinzenalmente. Prometi-lhe que chegaria por volta das três, e já só faltam cinco minutos. Quase lá, abrando o andamento. Faço-o sempre. Aquela janela fascina-me. Ainda  mais desde que li a crónica “A Dona Olga e eu” de Lobo Antunes, que, confesso, me inspirou.
Aquela casa faz-me reviver o passado. As lembranças de hoje levam-me para mais de trinta anos de distância.
Passo à porta daquela casa, de quinze em quinze dias. Sempre ao domingo, sempre à tarde. A porta sempre fechada, a janela sempre entreaberta. Às vezes abrando o passo e quase paro. Num dia entrevi a cama, noutro a cadeira ao lado da cómoda, noutro o guarda vestidos. A cama sempre impecavelmente feita, a cadeira sempre na mesma posição, de esguelha, e a cómoda com inúmeras fotografias emolduradas das quais se destaca, pelo tamanho, a de um homem com óculos de aros redondos, ainda jovem e careca, de fato escuro.
O quarto, sempre o vi vazio. Sem saber porquê,

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A IGNORÂNCIA É POR VEZES FATAL

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Estariam cá ainda há relativamente pouco tempo, quando decidiram dar um outro rumo à sua vida. Tinham chegado com poucos recursos  e a vida não era fácil.
De aparência pacata, os dois amigos, pois que de dois se tratava, estudaram a maneira de, de uma vez por todas, ficarem bem de vida.
Escolheram companhias que lhes foram ensinando como e onde fazer.
Escolheram o local e a forma de executar.
Colheram o máximo de informações possível, e lá foram de abalada para o projecto da suas vidas. Sabiam tudo o que queriam, e como o queriam. Afinal lá na terra deles era assim, e aqui seria muito mais fácil.
Horas depois

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O MÊS DE JUNHO TERMINOU, JÁ ACABARAM AS FESTAS POPULARES - O SÃO JOÃO


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COMO SE FORA UM CONTO
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À minha direita o mar, lá ao longe, à minha frente uma parede de pedra e à minha esquerda as duas senhoras já entradas na idade terceira, que ciciavam. Sentadas uma ao lado da outra, à mesa do café, falavam em surdina dos tempos de antigamente. Em cima da mesa estavam guardanapos, uma torrada de pão de forma, uma mirita, uma meia de leite e um pingo.
O tema da conversa era a festa do São João, comparando a de agora, com a de outrora.
Na verdade pouco se entendia da conversa, apesar dos meus esforços de atenção e do meu esticar de orelhas para aquele lado, já que conseguiam falar bastante baixo.
No entanto lá pude perceber sobre que conversavam e apanhar uma ou outra ideia. Essencialmente, adoravam o Porto e a sua festa da noite de S. João, mas

sábado, 24 de julho de 2010

NATÁLIA, A CIGANA

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Natália era cigana. Vivia num acampamento no meio do pinhal, lá para as bandas de Albergaria. Não teria mais de quinze anos e era muito bonita e vistosa.
Como qualquer uma na sua situação, passava por muitas dificuldades. Havia dias em que faltava a comida. Havia dias em que faltava todo o resto. Nesses dias ela sentia falta da escola onde já não ia há mais de quatro anos. O trabalho de apanhar gravetos no pinhal, de lavar a roupa da catrefada de irmãos, de procurar água para se lavar ou comida para se alimentar, de ajudar os pais na sobrevivência do dia a dia, eram mais importantes que a aprendizagem numa qualquer escola.
Natália tinha uma amiga dos tempos da escola. Leonor não era cigana

quinta-feira, 22 de julho de 2010

AS MINHAS FÉRIAS NA MONTANHA

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Antigamente, no meu tempo de criança e de adolescente, os afortunados, como eu e meus primos, tinham férias na praia e férias no campo. Nós, os nove netos de meu avô paterno, tínhamos ainda férias na montanha. Éramos duplamente afortunados.
A praia era a de sempre, no Porto, na Foz, a praia de Gondarém. Habituei-me a ela como se fosse a minha roupa interior. Até aos dezassete ou dezoito anos, não conheci outra. Ao longo da vida, acabei por fazer praia em Matosinhos, em Leça, em vários locais do Algarve, e no Porto Santo. Mas sempre venceram, quando as comparava, as férias da praia de Gondarém.
Disso no entanto, falarei noutra altura.
As férias na praia duravam quase dois meses, às vezes mais. As férias no campo, tinham

terça-feira, 20 de julho de 2010

A VIZINHA

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COMO SE FORA UM CONTO
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Qualquer pessoa que esteja no sítio certo, à hora certa, tem a possibilidade de testemunhar uma parte da história de todos nós.
Todas as histórias deveriam começar por “era uma vez…”.
Esta não foge à regra.
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Era uma vez uma rua que tinha uma rotunda mesmo ao fundo, e que tinha o nome de uma cidade do Magrebe.
Por lá parávamos, todos os fins de tarde em amena cavaqueira, o Zeca do gás, meu saudoso amigo que partiu cedo na vida e

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A TIA

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Ter tios e tias, qualquer um tem, ter tios e tias como se fossem pais, é a sorte suprema, de que poucos se podem gabar hoje em dia!
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A tia, simplesmente tia, é uma das irmãs do meu pai. A Matriarca da família.
Havia outras, e outras ainda que não sendo irmãs eram igualmente tias. Para mim, havia a tia A, a outra tia A, a tia E, a tia H, a tia L e ainda outra que nunca conheci. Todas elas com nome, excepto esta tia. A Tia!
De todas, é a única que felizmente ainda anda por cá. Por isso, agora, é na verdade a tia. A minha tia. Minha e também de todos os outros sobrinhos que tem, e para quem é também e simplesmente, a Tia!
Pois a minha tia, a única que ainda tenho, sempre foi uma segunda mãe para todos os sobrinhos. Mesmo, e em especial, para