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COMO SE FORA UM CONTO, é o título de pequenos contos que ao longo do tempo fui escrevendo.
Na sua maioria foram já publicados em jornais e em blogues.
Alguns são inéditos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A VIDA DEPOIS DA VIDA

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COMO SE FORA UM CONTO
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Gosto de escrever.
Escrevo muito, a mais das vezes só na folha guardada no mais profundo do meu pensamento. Invento histórias, diálogos, cenas e cenários, escrevo poemas de amor, de escárnio e de mal dizer, comento situações, acções, coisas do dia-a-dia e palavras ouvidas aqui e ali, e a grande maioria nunca passa pela caneta nem fica imprimida num papel.
Escrevo em mim e dialogo comigo constantemente, pensando que ao menos posso escrever, mas para o passar a letra de forma falta ainda uma eternidade, mesmo tendo tempo de sobra.
Alarmo-me com a perspectiva de que mais cedo ou mais tarde esta minha capacidade se esgotará, e o meu stock de ideias desaparecerá sem que tenha tido a oportunidade de o dar a conhecer. Um dia morro e depois de morto já não escreverei.
Estes pensamentos angustiam-me. A morte angustia-me. Se estivesse a sonhar, quereria acordar, melhor, acordava-me para não me sentir assim. Será que depois de morrer poderei continuar a escrever, a inventar histórias, diálogos, cenas, cenários, e a poder fotografar a vida tal e qual ela seja naquele momento? É que eu também gosto de fotografar, de perpetuar momentos e de capturar instantes. Como seria bom poder continuar a escrever e a fotografar.
Quando morrer irei para o Céu? Por certo que sim, que tenho trabalhado para isso. Quer dizer, tenho trabalhado mais ou menos. Se calhar mais menos do que mais. Se calhar não vou, mas gostaria muito de ir.