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COMO SE FORA UM CONTO.
I
Vivia-se no ano da graça de 1809 e o mês de Junho.
Soult, General e mais tarde Marechal, regressava a casa triste, acabrunhado e abalado com a derrota. A bem da verdade não tinham sido os Portugueses a vencê-lo, tinham sido os Ingleses, mas isso era ainda uma desonra maior. Perdera fama, prestígio e muita gente nesta campanha. E só fora ‘dono’ da cidade pouco mais de dois meses. E, diga-se, de uma cidade destroçada pela recente tragédia da Ponte das Barcas, de que só ele tinha sido o responsável. Tinha sido muito pouco tempo para que a cidade lhe tivesse perdoado ou pelo menos passado a ignorar a sua responsabilidade de invasor. Só tinha podido andar pela cidade nas alturas em que estivesse escoltado pelos seus mais próximos guardas pessoais.
Era de noite e o General tinha fome.