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COMO SE FORA UM CONTO, é o título de pequenos contos que ao longo do tempo fui escrevendo.
Na sua maioria foram já publicados em jornais e em blogues.
Alguns são inéditos.

domingo, 3 de agosto de 2014

O SENHOR ARTUR



O SENHOR ARTUR

Artur, divorciado mas a viver maritalmente com Joana, sem filhos desta união, atravessava o Jardim do Passeio Alegre, na Foz do Douro, com passo apressado.
Era a sua maneira de andar, sempre o fora, um andar quase marcial. Pensava que dessa maneira se manteria durante mais tempo, dono de uma capacidade física invejável, facto de que já recebera a condigna desilusão. Uma maleita nas costas e nas articulações fizeram dele um homem mais triste, e até, quase acabrunhado.
Mas não desistia, da sua maneira de andar, de pegar em pesos sempre que os que dele gostavam não estavam atentos, e de se esquecer de ter as maleitas em atenção, e por via disso, de se cuidar.
Olhos no chão, como era seu costume, lá acabara de passar pela fonte, vindo dos lados do Chalé Suisso, e seguia em direcção aos mictórios públicos, mesmo ao lado do Mini Golfe.
- Olá senhor Antunes, boa tarde.
Foi como se não tivessem falado para ele. Não ligou nenhuma.
- Senhor Antunes, ó senhor Antunes, boa tarde. Está bonzinho?