
COMO SE FORA UM CONTO

Tenho de começar por dizer que não gosto do Pai Natal.
Desde que entrou na minha vida, já lá vão mais de vinte anos, que aos poucos a minha aversão ao personagem, foi crescendo.
Também não será para admirar. O Pai Natal chegou e destronou o meu Menino Jesus. Arrumou-o para um canto de uma gaveta, dentro de uma caixa velha, e não se ouviu mais falar dele.
Com a chegada do Pai Natal, começaram as desavenças natalícias lá por casa. E, pelo que ouço dizer, em muito mais casas por esse mundo fora.
O Pai Natal que na altura começou a andar lá por casa era um Pai Natal rico. O meu Menino Jesus, era um Menino Jesus pobre. Só por aí comecei eu a não gostar do velho de barbas e vestido de vermelho. Começou a luta dos ricos contra os pobres, e o rico ganhou. Não é que tenha ganho grande coisa, mas ganhou. Ganhou pelo menos o lugar que o Menino Jesus sempre tinha tido em minha casa. E com essa vitória começaram a desaparecer os valores que até então nos tinham norteado.
No tempo do meu Menino Jesus, e porque ele, coitadinho era pobre,