O SENHOR ARTUR
Artur,
divorciado mas a viver maritalmente com Joana, sem filhos desta união,
atravessava o Jardim do Passeio Alegre, na Foz do Douro, com passo apressado.
Era
a sua maneira de andar, sempre o fora, um andar quase marcial. Pensava que dessa
maneira se manteria durante mais tempo, dono de uma capacidade física
invejável, facto de que já recebera a condigna desilusão. Uma maleita nas
costas e nas articulações fizeram dele um homem mais triste, e até, quase
acabrunhado.
Mas
não desistia, da sua maneira de andar, de pegar em pesos sempre que os que dele
gostavam não estavam atentos, e de se esquecer de ter as maleitas em atenção, e
por via disso, de se cuidar.
Olhos
no chão, como era seu costume, lá acabara de passar pela fonte, vindo dos lados
do Chalé Suisso, e seguia em direcção aos mictórios públicos, mesmo ao lado do
Mini Golfe.
-
Olá senhor Antunes, boa tarde.
Foi
como se não tivessem falado para ele. Não ligou nenhuma.
-
Senhor Antunes, ó senhor Antunes, boa tarde. Está bonzinho?